quinta-feira, 9 de junho de 2011

Por um Evangelho sem adornos

“O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o uso de jóias de ouro, ou o luxo dos vestidos, mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito manso e tranqüilo, que és, para que permaneçam as coisas”. (I Pe 3:3-4)


Este é um alerta interessante que Pedro faz às mulheres. Não se trata de machismo, antes ele entendia que se preocupar exageradamente com cabelos, roupas bonitas, sapatos, maquiagem e outros utensílios afins causam uma espécie de “ilusão de ótica”. As pessoas (os homens especialmente) são atraídas a este tipo de mulher iludidas por sua boa aparência, buscando a sua exterioridade e não a sua essência, o seu coração, a sua verdadeira imagem. O fim deste tipo de relação geralmente é a decepção, desilusão e dor, muita dor. Somente quem já passou por uma decepção que envolva relacionamentos sabe do que estou falando.

Entretanto não é de adornos femininos que eu gostaria de tratar neste artigo, mas da relação que esta passagem bíblica tem com aquilo que boa parte da igreja vem fazendo com o Evangelho de Cristo.

À exemplo de mulheres adornadas com utensílios que não demonstram seu verdadeiro conteúdo, muitos têm pregado um evangelho decorado com promessas e facilidades que não fazem parte de sua essência, causando um fenômeno semelhante ao ocorrido com as mulheres, onde milhares de pessoas são atraídas por coisas externas ao verdadeiro Evangelho, desconhecendo seu cerne, seu conteúdo vivo.

A consequência mais grave deste processo é a formação de um exército de crentes não transformados, identificados com um evangelho transformado à revelia. Claro, isso não podia ser diferente, uma vez que o evangelho que transforma é o de Jesus, não o adornado por homens.

Jesus nunca prometeu riquezas materiais nem a solução imediata de todos os nossos problemas terrenos. Isso não passa de um enfeite ao evangelho, com a intenção de atrair mais pessoas para a igreja, dando uma mãozinha a Jesus, como se a Sua Obra não fosse suficiente para salvar e atrair o ser humano para o Seu Reino. Jesus nunca afirmou que não conheceríamos derrotas ou que seríamos conquistadores ou mesmo autoridades nesta terra (Mc 10:42-44). Essas coisas na verdade são reflexo de nossa natureza caída, a mesma que fez satanás se rebelar contra Deus, ao desejar ser um conquistador, um rei.

O Reino de Jesus sequer é desta terra, como poderíamos nós, achar que reinaríamos por aqui? Na verdade, quem oferece reinos terrenos é satanás, não Jesus, como podemos averiguar nos evangelhos de Mateus e Lucas, durante a tentação que Jesus sofreu no deserto:

“Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-Lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; e disse-Lhe: Tudo isto Te darei, se, prostrado, me adorares”. (Mt 4:8-9)

O Evangelho de Jesus é salvação para aquele que crê, não dinheiro no bolso. Não encontramos nas Escrituras nenhuma ênfase ao dinheiro ou a bens e posses deste mundo, mas a riquezas que vem do alto, de Deus, que não se pode encontrar nos cofres de um banco, mas no coração de Deus.

Este é o Evangelho que transforma e restaura vidas, aquele que ensina que o homem é um vencedor apenas por intermédio de Cristo e que para isso deve negar a si mesmo e viver a vontade de Deus não a sua própria. Este Evangelho gera vida eterna e não precisa de qualquer ornamentação. São estas as boas novas que devem ser anunciadas, as que proclamam que, apesar de nossa injustiça, temos alguém que morreu para que fossemos feitos justos, aptos a habitar com Deus eternamente, na terra onde a corrupção não entra.

Por isso eu suplico à igreja, retorne ao Evangelho de Jesus Cristo, pois somente Ele pode nos salvar de nós mesmos.

O mundo precisa de nós.

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