Acho muito estranha a ideia de que “beber  socialmente não faz mal à saúde.” Além disso não ser verdade (como verá a  seguir), o fato de existirem muitos alcoólatras já é prova suficiente de que o  melhor é não beber. Afinal, ninguém bebe para ser alcoólatra… Começa-se aos  poucos.  A seguir quero repartir com você um estudo  sobre o termo “vinho”, como é usado na Bíblia. Verá também que os benefícios  para o coração não se encontram no álcool e sim nos “flavonóides” – que estão  presentes na casca da uva. Para reforçar: o Dr. Helevom Rosa, grande amigo meu,  me disse que há um estudo no RS onde a pesquisadora comprovou que o puro suco da  uva tem 30% mais flavonóides que o vinho com álcool! Fica aí um alerta também  aos médicos que costumam “orientar” os pacientes a tomarem um pequeno cálice de  vinho logo após as refeições. Por que não indicar o puro suco da uva, que tem  mais flavonóides?
  Bom, espero que o estudo lhe seja útil. Um  internauta o solicitou e espero que você também sugira novos temas a serem  abordados aqui no blog do programa.
  Ótima leitura!
Leandro  Quadros.
  Há diferentes palavras hebraicas e gregas para o termo  “vinho”. Antes de explicar-lhe algo sobre isso, vou transcrever dois textos  bíblicos que mostram claramente a diferença entre o vinho fermentado (alcoólico)  e o não fermentado (não alcoólico): 
  “Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para  quem, as rixas? Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para  quem, os olhos vermelhos? Para os que se demoram em beber vinho, para os que  andam buscando bebida misturada. Não olhes para o vinho, quando se mostra  vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. Pois ao cabo morderá  como a cobra e picará como o basilisco. Os teus olhos verão coisas esquisitas, e  o teu coração falará perversidades. Serás como o que se deita no meio do mar e  como o que se deita no alto do mastro e dirás: Espancaram-me, e não me doeu;  bateram-me, e não o senti; quando despertarei? Então, tornarei a beber.  Prov. 23:29-35.
  “Assim diz o SENHOR: Como quando se acha vinho num  cacho de uvas, dizem: Não o desperdices, pois há bênção nele, assim farei por  amor de meus servos e não os destruirei a todos”. Isa. 65:8.
  Aqui, podemos ver claramente dois tipos  de vinho. Se fosse o mesmo, seria uma contradição. O primeiro texto  trata do vinho com álcool. Seria impossível Jesus usar na santa ceia o tipo de  vinho mencionado aí. Estaria indo contra a Bíblia. O segundo texto (Isa. 65:8),  aborda o vinho sem álcool, do puro suco natural da  uva.
  Vamos ao estudo das palavras para se referir ao  vinho, nas línguas originais da Bíblia [Os dados a seguir,  quanto ao significado de tais palavras no original, foram extraídos do livro  "Consultoria Doutrinária". Casa Publicadora Brasileira, 1979]:
  No Antigo Testamento: 
  1) Tirôsh – essa palavra é usada para se referir ao  vinho que não é alcoólico. Aparece 38 vezes no AT e está relacionada com coisas  boas: Gên. 27:37; Sal. 104:15; Prov. 3:10; Oséias 2:22, etc. 
  2) Shekar – sempre usada para se referir ao vinho  alcoólico: Prov. 20:1; Prov. 23:29 e 30; Isa. 28:7; Isa. 5:11, etc.  
  3) Yayin – palavra usada para se referir ao vinho em  geral, tanto alcoólico quanto não-alcoólico. Ocorre 140 vezes no AT. 1Sam. 1:14;  Isa. 55:1.
  No Novo Testamento: 
  Também há 3 palavras para se referir ao vinho, só que  palavras gregas (no Antigo Testamento, hebraicas)
  (1) Sikera e (2) gleukos – usadas apenas 1 vez cada  uma, fazendo alusão ao vinho fermentado e alcoólico: Luc. 1:15; Atos 2:13;  
  3) Oinos – é a mais empregada no Novo Testamento e é  usada em referência tanto ao vinho fermentado quanto ao não fermentado. A  Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento hebraico que foi traduzida por 70  eruditos judeus – por isso, o nome “Septuaginta”) utilizou a palavra “oinos”  para traduzir as palavras Yayin (vinho em geral) e tirôsh (vinho não  fermentado): Luc. 7:33; João 4:46.
  Podemos perceber que alguns termos hebraicos e gregos  são usados tanto para o vinho alcoólico quanto para o vinho não alcoólico. Neste  caso, devemos fazer uso do contexto bíblico - todos os versos  sobre o assunto – para sabermos a que tipo de vinho o versículo bíblico está se  referindo. 
  Entendendo alguns textos  difíceis 
   Há versos sobre o vinho que não podem ser explicados  apenas levando-se em conta o significado das palavras no original. Eis alguns  exemplos: Deut. 14:26, Prov. 31:6 e 1Tim. 5:23. Tais versos devem ser entendidos  em seu contexto, nas circunstâncias em que foram escritos. 
  (A) Deut. 14:26 – Deus tolerou  nos dias do Antigo Testamento algumas práticas que Ele nunca  aprovou. A tolerância foi por causa da ignorância e dureza de coração  do povo. Pelo fato de o povo de Israel ter vivido no Egito, convivido com  pagãos, alguns costumes perniciosos ficaram muito arraigados na vida deles: o  uso de álcool, a prática da bigamia e poligamia, e o uso de jóias. Sendo Deus  paciente e “grande na força da Sua compreensão” (Jó 36:5), suportou por um  tempo tais costumes e, na medida em que o tempo passava, foi  reeducando-os (Deut. 14:26) para que se parecessem cada vez mais com  Ele. No Novo Testamento há mais luz sobre o assunto e hoje temos muitas  informações sobre os malefícios do álcool. Veio o tempo quando Deus ordenou  que todos os homens se arrependessem (Atos 17:30). E, aqueles que persistirem em  suas práticas erradas mesmo tendo sido aconselhados e informados por Deus, não  teriam mais desculpa para o seu pecado (João 15:22).
  (B) Prov. 31:6 – o comentarista  Metodista Adão Clarke assim explica esse texto em seu comentário bíblico:  “Dai bebida forte para aquele que está morrendo. Já temos visto que bebidas  embriagantes eram misericordiosamente dadas aos criminosos condenados, para  torná-los menos sensíveis às torturas que enfrentariam na morte. Isto é o que  foi oferecido a nosso Senhor, mas ele recusou” [Citado por Pedro Apolinário em  "Explicação de Textos Difíceis da Bíblia" - 4ª edição, pág. 102.]. Essas  bebidas eram feitas misturando ervas narcóticas. Nos dias de Jesus, oferecia-se  ao indivíduo uma mistura de vinagre e fel (mesmo em momentos de  dor, Cristo rejeitou tal substância, pois não queria perder a Sua  consciência com os efeitos do álcool. Ver João 19:28 e 29 – compare com o Sal.  69:21, que profetizou esse evento. Que exemplo para o ser  humano, que muitas vezes quer mergulhar-se no álcool para fugir dos  seus problemas, sendo que a solução e cura vêm pelo “bater de frente” com a  situação. Diante das situações desesperadoras Jesus nos orienta a irmos  a Ele [Mat. 11:28-30] e não até a garrafa).
  (C) 1Tim. 5:23 – para entendermos esse  verso bíblico, precisamos saber o motivo que levou Paulo a dar  esse conselho e também comparar o texto com outro escrito pelo mesmo  autor, Efé. 5:18. Paulo orientou Timóteo a usar “um pouco de  vinho” como remédio por causa de uma enfermidade, provavelmente no estômago.  Alguns médicos hoje em dia também recomendam o uso de suco de uva devido à sua  rápida absorção pelo sistema orgânico. E, Efésios 5:18 nos esclarece que esse  “pouco de vinho” recomendado pelo apóstolo não poderia ser o  alcoólico.
  A Bíblia diz que há maldição para aqueles que bebem  e/ou induzem outros a usarem bebidas alcoólicas: “Ai dos que se levantam  cedo para embebedar-se, e se esquentam com o vinho até a noite!” “Ai daquele que  dá bebida ao seu próximo, misturando-a com o seu furor, até que ele fique  bêbado, para lhe contemplar a nudez”.