terça-feira, 30 de agosto de 2011

UFC e MMA - O cristão e os esportes violentos

 

Em seu blog, o jornalista Milton Neves escreveu, referindo-se ao grande evento de MMA realizado no último fim de semana, no Rio de Janeiro: “Os gladiadores de Roma voltaram? Naquela época escravos como Spartacus lutavam na marra e morriam como bois nas touradas espanholas. E as multidões antigamente também não adoravam ver leão comendo cristão? Hoje multidões no ginásio e milhões pela TV entram em êxtase aplaudindo o mais violento NÃO esporte já inventado pelo homem. Rugby, futebol americano e hóquei no gelo parecem curling ou dança de quadrilha perto desse terrível MMA. E quem o defende diz que é ‘uma variação do boxe’! Ora, o boxe é a nobre arte com regras ‘milenares’ com o árbitro protegendo o nocauteado com sua contagem até 10. No NÃO esporte MMA a selvageria só para quando um arranca pedaço do outro”.

É claro que os praticantes e apreciadores do MMA — Mixed Martial Arts (artes marciais mistas) —, inclusive evangélicos, ficaram enfurecidos com a opinião do polêmico Milton Neves. Já os que não gostam do mencionado esporte (esporte?) aplaudiram o aludido cronista esportivo. Quem está com a razão? Deve o cristão apreciar ou praticar esportes violentos? O que a Bíblia diz sobre a prática esportiva?

Esportes existem desde os primórdios. E a Bíblia Sagrada não apresenta nenhuma censura à sua prática. Nas relações de pecados do Novo Testamento nada há contra a esportividade. Pelo contrário, o apóstolo Paulo toma o atletismo como exemplo, ao falar do nosso trabalho para o Senhor: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis” (1 Co 9.24). Se o esporte, em si, fosse pecaminoso, Paulo jamais o tomaria como analogia de nossa carreira.

Pode o cristão praticar esporte? Por que não? A despeito de a sua prioridade ser a santificação do “homem interior” (2 Co 4.16), formado por espírito e alma (1 Ts 5.23), ele deve valorizar o corpo e cuidar dele. Daí Paulo ter dito: “o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa” (1 Tm 4.8). Portanto, a prática do esporte, de modo geral, não é pecaminosa, ainda que secundária, em relação à piedade (ou “exercício espiritual”).

Por outro lado, a despeito de o cristianismo não ser legalista, não ignora passagens como 1 Coríntios 6.12 e 1 Tessalonicenses 5.22, as quais nos ensinam que mesmo as coisas lícitas e não-pecaminosas podem ser inconvenientes para o cristão, como o MMA, por exemplo. Como assim?

Alguém poderá argumentar: “O MMA é um esporte como qualquer outro. Envolve treinamento, preparo físico, respeito ao adversário, etc.” Mas, e a violência? Os defensores dessa modalidade de luta afirmam que os atletas estão preparados para sofrer os golpes. Além disso, dizem que existe fair play (jogo limpo) entre eles.

Bem, as imagens, às vezes, falam melhor que milhares de palavras. No YouTube há vários vídeos das lutas do UFC Rio para quem quiser confirmar o que vou falar agora. Observe que todos os lutadores que venceram por nocaute socaram seus oponentes sem nenhuma piedade, mesmo depois de eles estarem caídos e grogues. Veja o caso do lutador brasileiro Shogun, que desferiu várias “marretadas” contra a cabeça do adversário. Ficou claro que o árbitro demorou a intervir...

Que esporte é esse? Será que uma pessoa caída, sem poder de reação, que sequer consegue se defender, precisa ser socada na cabeça com tanta força? A impressão que tive, ao ver o vídeo abaixo, é a de que o lutador bateria no seu oponente sem parar até a sua morte, caso o árbitro não interrompesse o combate.

Respeito quem pensa de modo diferente. Mas a minha opinião é de que o verdadeiro esporte estimula espírito de equipe, está ligado ao que é saudável e não causa ferimentos de maneira proposital. No MMA prevalece a pancadaria, a selvageria e o derramamento de sangue, remetendo-nos aos gladiadores romanos, como disse Milton Neves.

Chega de violência! Em termos de esportes, o Brasil ainda é o país do futebol, uma modalidade que, a despeito de ser viril, envolver contato físico e, às vezes, hostilidade, não prioriza a violência. Quanto ao MMA, é muita ingenuidade considerar não violentos o derramamento de sangue e o golpear da frágil cabeça humana com várias “marteladas”, não é mesmo?

Ciro Sanches Zibordi - (Título Original: Quer saber o que penso sobre o MMA?)

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