Vamos ler o que está escrito na primeira carta de Paulo aos Coríntios, no capítulo 10, versículos 23 a 33: “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam. Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de outrem. Comei de tudo o que se vende no mercado, sem nada perguntardes por motivo de consciência; porque do Senhor é a terra e a sua plenitude. Se algum dentre os incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que for posto diante de vós, sem nada perguntardes por motivo de consciência. Porém, se alguém vos disser: Isto é coisa sacrificada a ídolo, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; consciência, digo, não a tua propriamente, mas a do outro. Pois por que há de ser julgada a minha liberdade pela consciência alheia? Se eu participo com ações de graças, por que hei de ser vituperado por causa daquilo por que dou graças? Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus, assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos”.
Estudando o contexto deste texto (o que vem antes e depois), podemos facilmente identificar o assunto do qual Paulo estava tratando nesta ocasião.
“O versículo 28 e bem assim todo o contexto, desde o verso 14 e também todo o capítulo 8, esclarecem que o assunto trata exclusivamente de carnes oferecidas a ídolos. Não se fala aqui das espécies de carnes, mas sim das que haviam sido oferecidas aos ídolos antes de irem para o açougue. Todavia, nem sempre a carne era previamente sacrificada. Isso, o presente texto nos dá a entender com bastante clareza, pois diz Paulo: ‘sem nada perguntardes por escrúpulos de consciência’. (Versão do P. Rohden). Se toda carne fosse sempre oferecida aos deuses antes de ir para o mercado, ninguém precisava ter dúvidas; mas como o não era, e mesmo porque não havia importância em saber, o crente não tinha necessidade de perguntar coisa alguma. Paulo não diz aqui que não deviam perguntar para saber de que espécie era a carne, se deste ou aquele animal, porque isto, naturalmente, não estava em questão… Não tinham razão para perguntar, a não ser que fossem advertidos por alguém.”
Os primeiros crentes “não precisavam manter esses escrúpulos, porque, ‘quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos’, disse Paulo, ‘sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só’, capítulo 8:4. Ninguém precisava preocupar-se com isto porque os ídolos, nada sendo senão matéria inanimada, também não podiam influir na carne. E além disto, antes de comê-la, se pedia sobre ela a bênção de Deus (verso 30; I Timóteo 4:5). Mas, se alguém tinha dúvidas, a advertência era: ‘Aquele que tem dúvidas, se come está condenado’. Romanos 14:23. Também, se alguém advertia ao crente, dizendo-lhe que aquela carne havia sido sacrificada aos ídolos, então ele, por amor à consciência, daquele o advertia, não devia comer.
“Compreende-se claramente que Paulo, em todos esses versículos, põe em relevo o mal de comer para escândalo dos fracos. E sobre isto, diz: ‘Pecando assim contra os irmãos, e ferindo a sua fraca consciência, pecais contra Cristo’. ‘Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus’. I Cor. 8:12; 10:31.
“Não que houvesse mal em usar das carnes sacrificadas aos ídolos, quer adquirindo-os nos açougues, quer comendo-as na casa de um gentio, porque os ídolos nada são; o que se condenava era o errôneo procedimento de alguns crentes, que ainda costumavam ir aos templos pagãos e ali banquetear-se, em suas mesas, com os sacrifícios feitos em honra aos deuses” – Pontos Difíceis de Entender, pp. 13 e 14.
Quando o apóstolo fala no verso 23 (cf. Cap. 6:12) que “todas as coisas são lícitas”, esta expressão não pode ser entendida em sentido absoluto; não devemos supor que o cristão é livre para fazer o mal; se fosse este o significado, poderíamos entender que Paulo está dizendo que é lícito roubar, matar, adulterar, etc… não é sobre questões morais que Paulo está tratando aqui; “esta se referindo a práticas que não são más em si mesmas… O cristão está em liberdade de fazer o que deseja se encontrar-se em harmonia com a vontade de Deus; porém há uma condição que se deve ter em conta: não deve fazer nada que possa ser motivo de tropeço para outro”.
Em Corinto alguns irmãos julgavam ser grave pecado comer carnes sacrificadas aos ídolos; mesmo sabendo que “o ídolo nada é” e que comer esta carne não prejudicaria a espiritualidade, Paulo recomenda que estes irmãos, de maior conhecimento, não comam esta carne para que os outros não se escandalizem.
Todos nós cristãos devemos praticar este princípio, o de jamais fazer algo que fira a consciência de nossos irmãos. Se tal fosse seguido, muitos problemas seriam evitados; haveria respeito, amizade e companheirismo constantes em nossas congregações.
por Rádio Novo Tempo
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