sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Evangelho segundo Xuxa


Tudo o que eu quiser, o Cara lá de cima vai me dar.
Este é um trecho de uma música da Xuxa, tema do filme Lua de Cristal, que leva o nome do filme.
Esta reflexão poderia ser sobre o fato de Deus ser chamado de "O Cara lá de Cima" e a mania de celebridades de apelidarem a Deus, como se Ele fosse um igual, ou como se fossem íntimos de alguém com quem pouco conversam, e que pouco deixam falar.
Poderia me deter escrevendo sobre as várias formas de se transgredir o terceiro mandamento da Lei de Deus: “Não tomarás o nome do Senhor Teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar Seu nome em vão.” (Êxodo 20:7)
Mas deixarei isto para outra oportunidade, ou para outro colega que queira discorrer sobre o assunto. No momento quero pensar sobre a idéia do "Tudo que eu quiser, Ele vai me dar".
Com certeza não era a intenção da Xuxa, nem do Michael Sullivan (autor da canção) expressar de forma tão direta e precisa a idéia básica da teologia da prosperidade.
O pensamento é simples: o que você quer é só pedir, ou, como alguns tem preferido dizer, é só decretar, declarar ou exigir de Deus e Ele fará.
O deus (como creio que é um deus diferente do Deus da Bíblia, escreverei com letra minúscula) pintado pela teologia da prosperidade nos moldes como a conhecemos hoje é um deus que obedece ordens, que funciona sob pressão, que responde a coações, que se manifesta depois da clara e inequívoca expressão dos desejos humanos.
Este deus é pai, mas um pai como esses dos adolescentes classe média alta, que compensam tudo com presentes. Esse deus em constante barganha, esse deus vendido, esse deus que poderia ser marcado com o carimbo de "fabricação própria", não é o Deus revelado na Bíblia.
É óbvio que muitas pessoas desejam encontrar o Deus da Bíblia, e nesta busca acabam se enroscando nestes deuses genéricos, no deus da Lua de Cristal. Mas ainda assim, sua busca sincera pode levar-lhes a conhecer a Deus como Ele é.
A teologia da prosperidade expressa, não intencionalmente, na música da Xuxa, mostra uma vida cristã diferente do que diz a Palavra de Deus.
A Bíblia não diz: “Felizes os que conseguem um barco novo.” Ela diz: “Felizes sois vós quando por minha causa (Jesus falando) vos injuriarem e vos perseguirem.” (Mateus 5:11)
A Bíblia não diz: “Neste mundo morareis em mansões.” Ela diz: “Neste mundo tereis aflições.” (João 16:33.
É por isso que o evangelho é descrito por Paulo como loucura, porque é viver, aparentemente, como um louco. E me perdoem os adeptos do "Tudo o que eu quiser, Ele vai me dar", mas essa é uma religião muito fácil. Loucura seria não pertencer a algo assim, onde eu tenho um gênio da lâmpada e pedidos inesgotáveis. Definitivamente esta não é a Loucura do Evangelho.
Pensamento que fica: Mas se for assim, prefiro ficar com a Lua de Cristal.
Esta não é uma boa idéia.
Se não é o Deus da Bíblia que está sendo pregado, se não é o evangelho bíblico que dá fundamento a esta mensagem, é óbvio que não é por este caminho que você vai encontrar o cumprimento das promessas bíblicas, que em muito excedem seus desejos e pensamentos.

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