Parece contraditório. Trabalhar em comunicação e ser… tímido! Essa é minha sina. Que já foi bem pior, por sinal. Quando menino, apavorava-me o contato com pessoas que não conhecia. Quantas vezes corri para baixo do assoalho de madeira ao chegarem visitas em casa! Só saía de lá depois que tivessem ido embora…
Porém, descobri uma vantagem em tudo isso. Quem fala pouco, ouve mais. Acho que acabei desenvolvendo essa habilidade, um tanto rara hoje em dia. Olhe ao redor e confirme: as pessoas querem é falar, falar, falar. E falar! Não é mesmo? Quem está disposto a ouvir?
Os psiquiatras e psicólogos prestam atenção a cada palavra, a cada gesto verbal ou não-verbal. Tudo fala. Para quem não é profissional no ouvir, isso não é tarefa simples. Segundo Ralph G. Nichols, professor da Universidade de Minnesota, Estados Unidos, uma das razões pelas quais a maioria de nós não consegue ouvir direito, é a nossa capacidade de pensar muito rapidamente. Embora uma pessoa fale, em média, 125 palavras por minuto, ela pensa num ritmo quatro vezes mais rápido. Assim, como ouvinte ela dispõe de excesso de tempo para pensar, e seus pensamentos se desviam da conversa. Porém, as observações do outro requerem uma mente atenta para pesar, sentir e assimilar exatamente o que está sendo dito.
O Professor Nichols calcula que escutar atentamente é tão difícil que o coração bate mais rapidamente, a circulação é acelerada e a temperatura do corpo sobe ligeiramente. (Da próxima vez que você pensar que alguém não está prestando atenção, tome a temperatura dele.)
A linguagem corporal “entrega” quando apenas escutamos, sem prestarmos verdadeiramente atenção no que ouvimos. Ouvimos apenas aquilo que nos interessa ou consideramos importante. Por isso, ouvir é um ato de altruísmo. Significa abandonar os nossos próprios interesses para assumirmos os interesses do nosso interlocutor.
Dentro do contexto cristão, considere o seguinte: a oração serve de consolo e refrigério para milhões de pessoas. Sua atração se deve, grandemente, à capacidade de Deus de nos escutar. Ele raramente nos interrompe. Ele escuta tudo o que temos a dizer. A popularidade da oração indica que a procura da escuta excede em muito a oferta.
Faça da boa escuta um estilo de vida. Ouça com os ouvidos, com os olhos, com o coração. Há milhões de solitários e angustiosos (na sua casa, trabalho, escola, igreja) querendo apenas um par de ouvidos para aliviar um pouco o fardo da vida.
“Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça” (Mateus 13:9).
(Inspirado em um texto amarelado pelo tempo, de Dick Jewett)
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