Outro dia conversei com minha alma,
Perguntei o que ela achava de tudo o que andava vendo e vivendo.
A mesma virou-se para mim e desatou:
Falou que espanta-se com tanto desamor.
Contou do seu horror pela maldade.
Mencionou seu lamento pela banalização da vida.
Sussurrou com voz dolorosa o fato da humanidade estar tão brutalizada.
Disse-me que são tempos difíceis para ela plantar sonhos.
Confessou o quão difícil é fazer as pessoas crerem que ela ainda pode guardar amor e compaixão.
Mostrou-me algumas pessoas que parecem ter esquecido o que é ser gente.
Chorou ao falar da supervalorização do material em detrimento ao verdadeiramente essencial.
Emudeceu diante da hipocrisia, da frieza, da desfaçatez e arrogância.
Empalideceu ante às agruras da indiferença do homem para com si mesmo e para com o próximo.
Pasmou pelas dificuldades de se manter inteira e saudável em meio a uma sociedade que a cada dia adoece e avança a passos largos para o colapso.
Transtornou-se com as contigências da vida, com os desastres naturais, com os desastres emocionais.
Por fim cansou de falar.
Calou-se, cansada, pensativa, cheia de reticências...
Passado um tempo virou-se então de forma iluminada.
Silenciosamente disse que ainda é preciso tentar, ainda é preciso acreditar.
Há que se buscar novas rotas, há que se correr novos riscos.
Há que se tentar novos rumos.
Há que se buscar novas faces e abrir novos caminhos.
Há que se continuar a viver.
Há que se amar com doçura e encanto.
Talvez um pouco cheio de pálido espanto.
Mas sempre amar, sempre sonhar, sempre se ter esperança.
É isso que a alimenta e fortalece.
É isso que a torna saudável.
É esse o misterioso caminho da felicidade que ela se deleita tanto em percorrer.
E, principalmente, finalizou com um sorriso:
Creia e espere em Deus.
"Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?
Espera em Deus, pois ainda O louvarei, a Ele, meu auxílio e Deus meu."
Salmo 42:11
Meninas do Reino
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